segunda-feira, 2 de junho de 2008

The Sonics: som alto e burro!


The Sonics é a mais importante e influente banda de garagem americana dos anos 60. Com um som alto, sujo e pulsante, ainda hoje é referência. As suas maiores características eram a simplicidade das gravações, em dois canais, e a fúria da execução e timbragem dos instrumentos. De sua fonte mamaram MC5, Iggy Pop, The Fall, New York Dolls, Dead Boys e os grunges do Nirvana.

Eles são frutos do movimento que nasceu na costa noroeste dos Estados Unidos cujo lema era fazer um rock básico, sacana, cru, veloz, destorcido, energético, intenso e selvagem. Na mesma época tocavam Kingsmen, The Wailers (do rock e não a do reggae), The Drastics e Paul Revere & the Raiders.

De Washington, no início dos anos 60 e depois de várias formações e propostas de se fazer som, o quinteto se destaca e logo grava pela Etiquette Records, selo do baixista dos Wailers, Buck Ormsby. Nesse ano, lançam o primeiro compacto com a clássica "The Witch", no lado A e "Keep A Knockin'", de Little Richard, do outro lado. Em seguida, a banda entrou novamente em estúdio e gravou novo compacto, "Psycho". E, em 1965 surge o clássico “Here are the Sonics”.

No ano seguinte, o grupo lança o disco “Boom”, que foi gravado no estúdio Wiley/Griffith, especializado em country. Ou seja, deu merda! No meio das gravações a banda arrancou todas as caixas de ovos que estavam na parede para melhorar a acústica. Segundo eles foi “para conseguir um som mais vivo".

Eles abriram shows para várias bandas importantes da época como os Beach Boys, Jay & the Americans, Ray Stevens, The Kinks, Lovin' Spoonful, Liverpool 5, Shangri-Las, Mamas & Papas e até para os Byrds! O que fez com que fossem parar em Hollywood para gravarem um disco com Larry Levine como produtor. “Introducing The Sonics” foi um disco bem mais calmo e mais limpo, que não agradou muito os integrantes e o seu público rebelde. Ou seja, um "grande lixo"!

"Se nossos discos soavam distorcidos, era proposital. Larry vivia mexendo nos amplificadores, desligando alto-falantes ou fazendo um buraco neles com um picador de gelo. No final, eles acabavam soando com um trem descontrolado", lembra Andy Parypa.

O grupo acabou se separando após o compacto Any Way The Wind Blows e apenas Rob Lind tentou ficar como membro original até deixar os Sonics em 1968. O grupo original se encontrou novamente em 1972 para cinco shows no Seattle Paramount, que resultou no disco "Live Fanz Only".

Depois disso, cada um seguiu sua vida, mas, eis que, em novembro de 2007 (ano passado), o grupo se reuniu para gravar um DVD e um disco ao vivo, em Nova York, quando confessaram que a saudade bateu pesado.



Here are the Sonics - 1965

"Nós somos sacanas. Tudo que você ouve sobre nós é verdade." (Larry Parypa – The Sonics)

domingo, 1 de junho de 2008

Candeia, filho do samba

Antônio Candeia Filho (1935-1978), cria do samba de Oswaldo Cruz, Zona Norte do Rio de Janeiro, freqüentava todas as rodas de bambas, onde conheceu gente como Zé com Fome, Luperce Miranda, Claudionor Cruz e outros. Seu pai era tipógrafo e flautista e foi, segundo alguns especialistas, o idealizador das Comissões de Frente das escolas de samba.

Com muita cede artística, Candeia, ainda garoto, aprendeu a tocar violão e cavaquinho, começou a jogar capoeira e a freqüentar terreiros de candomblé, práticas que o formaram e o tornou um dos maiores defensores da cultura afro-brasileira.

Em 1953 compôs o seu primeiro enredo, "Seis Datas Magnas", com Altair Prego. Esse ano foi quando a Portela realizou a façanha inédita de obter nota máxima em todos os quesitos do desfile da época.

Em 1961 entrou para a polícia e, como era muito brigão, suas atitudes começaram a causar ressentimentos entre seus antigos companheiros. Provavelmente, não imaginava que começava ali um caminho para a tragédia, o que mudaria sua vida. Há uma lenda urbana que diz que, ao esbofetear uma prostituta, ela rogou-lhe uma praga; na noite seguinte, ao sair atirando do carro num acidente de trânsito, levou uma bala na espinha que paralisou para sempre suas pernas.

O incidente e suas conseqüências passaram a ser temas de seus sambas e durante um bom período recolheu-se em sua casa e não recebia praticamente ninguém.

Com muito custo Candeia voltou a participar dos pagodes e no fundo de seu quintal ele reinou, se inspirou e criou, em dezembro de 1975, a Escola de Samba Quilombo, com o lema: "Escola de Samba é povo na sua manifestação mais autêntica! Quando o samba se submete a influências externas, a escola de samba deixa de representar a cultura de nosso povo".

Em 1977 grava "Luz da Inspiração", um clássico, num estilo que vai do samba enredo setentão, bem afro e cantarolado, mostrando o seu amor e gratidão pela Portela, passando por sambões de terreiro, com voz de negrão esquema preto velho e coro feminino de resposta, até ao pagodão de mesa de boteco Zona Norte e samba canção de lamento.

Em 1978 grava "Axé", disco mais importante de sua carreira que acaba nesse mesmo ano. Porém, sua obra ainda está viva e sua música ainda é cantada nas rodas de samba do mundo. Saravá Candeia!



Candeia: Luz da inspiração (1977)

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Alceu Valença dos 1000 sons


Alceu Paiva Valença nasceu em São Bento do Una, no interior de Pernambuco, nos limites do agreste, em 1946 e é um dos compositores e cantores mais originais e influentes da Música Popular Brasileira, navegando por Luiz Gonzaga, Elvis, Pink Floyd e Piazzola. Mas é claro que sua grande mistura entre a nordestinidade e o rock eletrificado e a sintetizidade pop dos anos 80 é a sua marca. É fácil achar maracatus, cocos, repentes, baiões, toadas, frevo, caboclinhos, emboladas, aboios, reggae, forrós, xotes, rock cinqüentão e progressivo em suas canções.

Através dos alto-falantes dos interiores, uma espécie de rádio-poste da época, Alceu conheceu Jackson do Pandeiro, Gonzagão e Marinês. Em casa, a influência ficou por conta do avô, Orestes Alves Valença, que era poeta, cantador e violeiro. Aos 10 anos vai para Capital, Recife, onde descobriu o Brasil: Sambas, Orlando Silva, Dalva de Oliveira, Bossa Nova, Jazz e o Rock and Roll.

Se formou em direito no Recife, em 1969, mas também brincava de ser jornalista - trabalhou como correspondente do Jornal do Brasil. Mas seu grande barato foi resolver ser artista e Pernambuco e seus carnavais foi uma grande escola. A Mistura, mesmo não sendo uma idéia genuína, pois já se tinha o tropicalismo e Raulzito Baiano Seixas, que é contemporâneo, é muito interessante, sobretudo nos anos setenta, antes de ser “Pop Valença”. Porém, a sua pesquisa e execução são maravilhosas e atemporais.

Em 1971, vai para o Rio de Janeiro com o amigo e incentivador Geraldo Azevedo. Começa a participar de festivais universitários, como o daTV Tupi a faixa Planetário. Nada acontece. Nenhuma classificação, pois a orquestra do evento não conseguiu tocar o arranjo da canção. Em 1974 ganha o prêmio de “música sem pé nem cabeça”, ou seja, artista revelação, com Danado pra Catente – nessa Zé Ramalho estava tocando viola e cantando com ele.

Vale a pena conferir toda sua obra da década de setenta, assim como todas as entrevistas da época. Nos anos oitenta, apesar de ter virado MPB “popão”, tem muita coisa boa: coração bobo, cinco sentidos, anjo avesso, mágico e “um puta” disco ao vivo em Montreux. Nos anos noventa indico o 7 sentidos e maracatus-pa-e-bolas-mariolas. O resto é chato e isso inclui os DVDs e entrevistas. Alceu ficou over. Ah, tem o Ensaio da TVE que é maravilhoso. Faça várias caipirinhas e divirta-se!


Alceu & Geraldo Azevedo

Ano de lançamento: 1972

A Noite do Espantalho

Ano de lançamento: 1974

Molhado de Suor
Ano de lançamento: 1974

Vivo
Ano de lançamento: 1976




.

Espelho Cristalino
Ano de lançamento: 1977

Saudade de Pernambuco
Ano de lançamento: 1979

Coração Bobo
Ano de lançamento: 1980

Cinco Sentidos
Ano de lançamento: 1981




.

Cavalo de Pau
Ano de lançamento: 1982

Anjo Avesso
Ano de lançamento: 1983

Mágico
Ano de lançamento: 1984

Estação da Luz
Ano de lançamento: 1985




.

Ao Vivo
Ano de lançamento: 1986

Rubi
Ano de lançamento: 1986

Leque Moleque
Ano de lançamento: 1987

Oropa, França e Bahia
Ano de lançamento: 1988




.

Andar Andar
Ano de lançamento: 1990

7 Desejos
Ano de lançamento: 1991

Maracatú, Batuques e ...
Ano de lançamento: 1994

Sol e Chuva
Ano de lançamento: 1997




.

Forró de Todos os Tempos
Ano de lançamento: 1998

Todos os Cantos
Ano de lançamento: 1999

Forró Lunar
Ano de lançamento: 2001

De Janeiro a Janeiro
Ano de lançamento: 2002




.


Ao Vivo em Todos os Sentidos
Ano de lançamento: 2003

Na Embolada do Tempo
Ano de lançamento: 2005

Marco Zero ao Vivo
Ano de lançamento: 2007


quinta-feira, 24 de abril de 2008

A Argentina arde em som

Hasta encontrar

O Andando Descalzo é um grupo argentino formado em 1995 por Ruani Rodriguez (voz), Emiliano de La Encarnación (bajo), Maxi Suppa (percusión), Carlos Quinteiros (bateria), Pablo Otero (teclado) e Mauro Lopes (guitarra), que depois foi substituído por Ariel Paladino.

Esses caras representam o típico som jamico-argentino, uma mistura de rock-cuarteto, ska, rockstead e early reggae. O som é meio Paralamas do Sucesso, só que com a arrogância clássica de nossos hermanos vizinhos e aquele castelhano arrastado que quase que dá para entender.

A banda tem seis álbuns, o mais recente é o “Hasta Encontrar”, de 2008, um disco que não foge a regra que rola desde Los Fabulosos Cadillacs e Mano Negra. A única diferença é que esses carinhas são mais hypes. Argentinos metidos a moderninhos hijos de una perra. Se bem que o som é bem legal, eu recomendo. Vamos fazer amizade com o vizinho para poder pegar a mulher dele!

Visitem: http://www.andandodescalzo.com.ar/ e http://argentina-rock.blogspot.com/

quarta-feira, 16 de abril de 2008

The King's Jam

Tenho medo de tecer qualquer comentário.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Derek & The Dominos

O Derek & The Dominos é a banda setentona de Eric Clapton, que vem acompanhado de Bobby Whitlock (teclados), Carl Raddle (baixo) e Jim Gordon (bateria).

O grupo estreiou em 1970 com o clássico "Layla And Other Assorted Love Songs", contando com a participação especial do guitarrista Duanne Allman (Allman Brothers). O álbum foi um sucesso puxado pela canção "Layla", um dos maiores hits da carreira de Clapton.

Em 1971 a banda já estava em processo de gravação do segundo álbum quando Eric Clapton teve que se isolar por conta de sérios problemas com a dependência por heroína. Nesse mesmo ano Duanne, que quase já estava oficialmente na banda, morreu num acidente de motocicleta.

Em 1973 foi lançado o álbum "Derek & The Dominos In Concert", com o antológico concerto no Fillmore East, gravado durante a turnê pelos EUA em 1970, um desses caôs de gravadora que deu certo.


"Layla And Other Assorted Love Songs"

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Com mil raios Sérgio Sampaio


O Capixaba, do quente município de Cachoeiro de Itapemirim, Sérgio Moraes Sampaio, nascido em 1947, foi um cantor e compositor maldito interessante. Botou o bloco na rua, fez um disco louco com Raul Seixas, Miriam Batucada e Edir Star, viajou de trem nessa vida danada, viu filme de terror, mandou Zebedeu calar a boca aos berros de seus leros e boleros e morreu na merda em 1994.

O magrelo foi radialista no sul do Espírito Santo em Cachoeiro e depois foi tentar a careira musical na cidade maravilhosa, que é de São Sebastião do Rio de Janeiro. Teve a sorte de assinar um contrato com a CBS (hoje Sony BMG) em 1971, quando lançou o ícone "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10", ao lado dos figuraças já citados. E no ano seguinte, lançou a marcha-rancho Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua no Festival Internacional da Canção, música que se tornou sucesso nacional e deu nome ao primeiro disco solo de Sérgio Sampaio.

Apesar do sucesso do compacto do Bloco, o LP não foi bem-sucedido, em parte pelo comportamento displicente de Sérgio, que se dedicava mais à vida boêmia carioca do que à divulgação do álbum. Mas, na verdade o disco é colossal. Vale a pena conferir. Ouça no volume máximo e tomando uma caipirinha.

Eu quero é botar meu bloco na rua

sexta-feira, 14 de março de 2008

Hermeto, o bruxo imitador de pássaros

Hermeto Pascoal: Zabumbê-bum-á (1979)

Hermeto Pascoal é o compositor arranjador e multiinstrumentista brasileiro que mais experimentou novas sonoridades. O louco, o bruxo, o mago dos sons. Ainda hoje imita o barulho das águas nas corredeiras e os gorjeios na jabuticabeira na beira do lagos. Seu primeiro instrumento foi observar e imitar, o segundo, o acordeom de oito baixos de seu avô. Na década de 50, foi parar na rádio, assim como tantos outros da música brasileira e mundial. Lá, na Rádio Tamandaré conheceu Sivuca que o levou para a Rádio Jornal do Commercio e fazer uns “sonzinhos” com uma galera aê. Som Quatro, Sambrasa Trio e Quarteto Novo foram alguns dos grupos que ele participou, fora os festivais brasileiros e internacionais e a gravação de duas músicas sua com Miles Davis.

O álbum Zambumbê-bum-á é um trabalho que resume a fase áurea de Hermeto, que vai desde a Música Livre até o Cérebro Magnético, ou seja, Hermeto louco na década de setenta, quando ele inovou a música instrumental brasileira com linguagem própria, entre o regional e o jazz. Ou seja, o cara é um gênio... Ou não...

Uma dica: o disco tem que ser ouvido como se fosse uma trilha de um filme nordestino!

segunda-feira, 10 de março de 2008

Southern tupiniquim


Boa musicalidade, os caras têm a "manha" do southern rock. Porém, as letras são fracas, o vocal é ruim e a timbragem é de rock brasuca, meio velhas virgens até. Tudo bem, nesse último caso a culpa não é da banda e sim dos estúdios brasileiros que não têm o conhecimento técnico e nem os equipamentos necessários para gravar um som que seja a cara do sul estadosunidenses. De boa, prefiro Sá, Rodrix e Guarabira, mas vale dar uma conferida no som do Bando do velho Jack e tirar suas próprias conclusões. Apesar das críticas o Bicho do mato não é tão mal assim.

O site dos caras é bem legal, tem as histórias da banda, fotos, agenda, contato, discografia e o nome dos integrantes... Confira... Ou não...


O Bando do Velho Jack: Bicho do Mato

quinta-feira, 6 de março de 2008

Projeto que deu certo

A Gov't Mule, fundada por Warren Haynes e Allen Woody em 1994, como um projeto paralelo ao Allman Brothers Band, é uma banda de southern rock que conquistou sua vida própria, com qualidade, bagagem e muitas milhas de som.


Já no primeiro disco, que
começa com a voz grave e tocante do Allman Brother Warren Haynes e seu um minuto e trinta e cinco segundos de poeira na cara, a banda diz a que veio. Simplesmente delirante. Um branquelo com uma puta voz negra e um bando de caipiras roqueiros fazendo o que há de melhor no bom e velho estilo southern rock, com direito a um cover do Free (Mr. Big) e uma dedicação a Frank Zappa (Left Coast Groovies).


A banda é: Warren Haynes - guitar, vocals, Allen Woody - bass (1994-2000), Matt Abts – drums, Danny Louis – keyboards, Andy Hess - bass.

A discografia segue abaixo, quando puder, escrevo sobre a trajetória dessa puta banda e dos Allmans Brothers... Ou não...
  • Gov't Mule, 1995
  • Live From Roseland Ballroom, 1996
  • Dose, 1998
  • Live ... With A Little Help From Our Friends, 1998
  • Life Before Insanity, 2000
  • The Deep End, Volume 1, 2001
  • The Deep End, Volume 2, 2002
  • The Deepest End, Live In Concert, 2003
  • Deja Voodoo, 2004
  • Mo' Voodoo (EP), 2005
  • High and Mighty, 2006
  • Live at Roseland Ballroom, 2007
  • Mighty High, 2007



Gov't Mule: lançado em 1995, o primeirão.