segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Festival de Woodstock - 40 Anos

O Woodstock Music & Art Fair (informalmente chamado de Woodstock ou Festival de Woodstock) foi um festival de música anunciado como "Uma Exposição Aquariana: 3 Dias de Paz & Música", organizado na fazenda de 600 acres de Max Yasgur na cidade rural de Bethel, no estado de Nova York, Estados Unidos. Foi realizado entre os dias 15 de agosto e 18 de agosto de 1969. Originalmente, o festival deveria ocorrer na pequena cidade de Woodstock, também estado de Nova Iorque, onde moravam músicos como Bob Dylan, mas a população não aceitou, o que levou o evento para a pequena Bethel, a uma hora e meia de distância.

O festival exemplificou a era hippie e a contracultura do final dos anos 1960 e começo de 70. Trinta e dois dos mais conhecidos músicos da época apresentaram-se durante um chuvoso fim de semana defronte a meio milhão de espectadores. Apesar de tentativas posteriores de emular o festival, o evento original provou ser único e lendário, reconhecido como uma dos maiores momentos na história da música popular.

O evento foi capturado em um documentário lançado em 1970, Woodstock, além de uma trilha-sonora com os melhores momentos.

História

O Festival de Woodstock surgiu dos esforços de Michael Lang, John P. Roberts, Joel Rosenman e Artie Kornfeld. Roberts e Rosenman, que entrariam com as finanças, colocaram um anúncio sob o nome de Challenge International, Ltd., no New York Times e no Wall Street Journal ("Jovens com capital ilimitado buscam oportunidades de investimento legítimas e interessantes e propostas de negócios"). Lang e Kornfeld responderam o anúncio, e os quatro reuniram-se inicialmente para discutir a criação de um estúdio de gravação em Woodstock, mas a idéia evoluiu para um festival de música e artes ao ar livre.

Mesmo considerado um investimento arriscado, o projeto foi montado tendo em vista retorno financeiro. Os ingressos passaram a ser vendidos em lojas de disco e na área metropolitana de Nova York, ou via correio através de uma caixa postal. Custavam 18 dólares (aproximadamente 75 dólares em valores atuais), ou 24 dólares se adquiridos no dia. Aproximadamente 186,000 ingressos foram vendidos antecipadamente, e os organizadores estimaram um público de aproximadamente 200,000 pessoas. Não foi isso que aconteceu, no entanto. Mais de 500,000 pessoas compareceram, derrubando cercas e tornando o festival um evento gratuito.

Este influxo repentino provocou congestionamentos imensos, bloqueando a Via Expressa do Estado de Nova York e eventualmente transformando Bethel em "área de calamidade pública". As instalações do festival não foram equipadas para providenciar saneamento ou primeiros-socorros para tal multidão, e centenas de pessoas se viram tendo que lutar contra mau tempo, racionamento de comida e condições mínimas de higiene.

Embora o festival tenha sido reconhecidamente pacífico, dado o número de pessoas e as condições envolvidas, houve duas fatalidades registradas: a primeira resultado de uma provável overdose de heroína, e a outra após um atropelamento de trator. Houve também dois partos registrados (um dentro de um carro preso no congestionamento e outro em um helicóptero), e quatro abortos.

Ainda assim, em sintonia com as esperanças idealísticas dos anos 60, Woodstock satisfez a maioria das pessoas que compareceram. Mesmo contando com uma qualidade musical excepcional, o destaque do festival foi mesmo o retrato comportamental exibido pela harmonia social e a atitude de seu imenso público.

Apresentações

Trinta e duas apresentações foram realizadas ao longo dos quatro dias do evento:


Sexta-feira, 15 de agosto

Richie Havens;
Swami Satchidananda - deu a invocação para o festival;
Sweetwater
The Incredible String Band;
Bert Sommer;
Tim Hardin;
Ravi Shankar;
Melanie;
Arlo Guthrie;
Joan Baez.

Sábado, 16 de agosto

Quill, quarenta minutos para quatro músicas;
Keef Hartley Band;
Country Joe McDonald;
John Sebastian;
Santana;
Canned Heat;
Mountain;
Grateful Dead;
Creedence Clearwater Revival;
Janis Joplin com The Kozmic Blues Band;
Sly & the Family Stone
The Who começou às 4 da manhã, dando início a um conjunto de 25 músicas, incluindo Tommy;
Jefferson Airplane.

Domingo, 17 de agosto para Segunda, 18 de agosto

The Grease Band;
Joe Cocker;
Country Joe and the Fish;
Ten Years After;
The Band;
Blood, Sweat & Tears;
Johnny Winter featuring his brother, Edgar Winter;
Crosby, Stills & Nash;
Neil Young;
Paul Butterfield Blues Band;
Sha-Na-Na;
Jimi Hendrix.

Apresentações Canceladas

The Jeff Beck Group estava agendado para tocar no festival, mas cancelou pois a banda acabou uma semana antes.

Iron Butterfly ficaram presos no aeroporto.

A banda canadense Lighthouse estava certa de que tocaria no festival, mas, no final, acabaram decidindo por não tocar, pois temeram que aquilo fosse uma cena ruim para a banda. Mais tarde, alguns membros do grupo disseram que se arrependeram da decisão.

Convites Negados

A banda Led Zeppelin foi chamada para tocar no festival, mas o empresário da banda, Peter Grant, afirmou: "Nós fomos chamados para tocar em Woodstock e a gravadora (Atlantic) estava bastante entusiasmada, e Frank Barsalona (o promotor) também. Porém eu disse não pois em Woodstock nós seríamos apenas outra banda na parada". Em vez disso, o grupo foi para uma turnê de mais sucesso.

The Doors foi considerada uma banda com grande performance, tinham bastante potencial, mas cancelaram a apresentação em cima da hora. Ao contrário do que muitos pensam, esta ocorrência não está relacionada ao fato de o vocalista, Jim Morrison, ter sido preso por postura indecente em um show anteriormente. O cancelamento do show se deu ao fato de que Morrison sabia que a sua voz soaria repugnante por estar ao ar livre. Há também a idéia de que Morrison, em um momento de paranóia, estava com medo que alguém atirasse nele e o matasse quando o mesmo pisasse no palco. No entanto, o baterista John Densmore compareceu no festival; no filme, ele pode ser visto ao lado do palco durante a apresentação de Joe Cocker, quando esse cantava o hino lisérgico "Let's Go Get Stoned".

Os promotores entraram em contato com John Lennon, pedindo para que os The Beatles tocassem no festival. Lennon disse que os Beatles não tocariam no festival a não ser se a Plastic Ono Band, da Yoko Ono, também pudesse tocar. Os promotores o recusaram.

Frank Zappa e The Mothers of Invention afirmaram: "Muita lama lá em Woodstock. Nós fomos convidados para tocar lá, mas recusamos" - Frank Zappa.

Outras Edições

Para comemorar os 25 anos do superevento, 250 mil pessoas se reuniram no Woodstock '94, em Saugerties, a 135 km de Nova York. Pagaram 135 dólares para ouvir 40 bandas, entre eles o Nine Inch Nails, Aerosmith, Metallica, Green Day, Red Hot Chili Peppers e músicos como Peter Gabriel, Carlos Santana e Joe Cocker.Outra edição ocorreu em 1999, destruindo a reputação do "Festival da Paz e do Amor" devido à violência e tumultos supostamente incentivados por bandas como Limp Bizkit, Insane Clown Posse e Kid Rock.

Imitações Brasileiras

O Brasil também tentou emular a aura hippie. Em 1971, na cidade de Guarapari, foi realizado o "Festival de Verão de Guarapari", que, devido a falta de verbas dos organizadores foi um fracasso retumbante....

Já em janeiro de 1975, na Fazenda Santa Virgínia, em Iacanga, interior de São Paulo, aconteceu o primeiro "Festival de Águas Claras", também anunciado como o pretenso "Woodstock Brasileiro".

Curiosidades

Max Yasgur (15 de Dezembro de 1919 - 9 de Fevereiro de 1973) foi o dono da fazenda em Bethel, Nova York, onde ocorreu o festival em 1969.

A banda Grateful Dead tocou durante a chuva. Alguns membros da banda tomaram choques durante a sua apresentação e Phil Lesh (o baixista) ouviu o rádio de transmissão de um helicóptero através do amplificador de seu baixo enquanto tocava.

The Doors inicialmente concordaram em tocar pois acharam que o festival fosse ocorrer no Central Park, mas decidiram ir contra a idéia quando souberam que o festival ocorreria em uma fazenda isolada da cidade.

Jimi Hendrix estava agendado para tocar no domingo, mas, pelas ocorrências inesperadas, acabaram por tocar na manhã de segunda-feira, quando restavam apenas 35.000 pessoas.

Apesar do festival ter abrangido uma multidão de 500.000 pessoas, apenas 200 pessoas foram presas no local por ofensas, mesmo estando sob os efeitos incontestáveis das drogas.

Foram documentadas apenas duas mortes no festival: uma pessoa morreu de overdose de drogas, a segunda pessoa morreu ao ser atropelada por um trator enquanto dormia no campo. Algumas fontes afirmam que há uma terceira morte, devido a uma apendicite, mas isso ainda não foi provado.

Fonte: http://.pt.wikipedia.org/wiki/Festival_de_Woodstock

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Jorge Luis Borges

REMORSO POR QUALQUER MORTE

Livre da memória e da esperança,

ilimitado, abstrato, quase futuro,

o morto não é um morto: é a morte.

Como o Deus dos místicos,

de Quem devem negar-se todos os predicados,

o morto ubiquamente alheio

não é senão a perdição e ausência do mundo.

Tudo dele roubamos,

não lhe deixamos nem uma cor nem uma sílaba:

aqui está o pátio que já não compartilham seus olhos,

ali a calçada onde sua esperança espreitava.

Até o que pensamos poderia estar pensando ele também;

repartimos como ladrões

o caudal das noites e dos dias.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

foda-se






Estou de saco cheio da cara de lula, obama, Sarkozy e chaves. Odeio circo!

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Morfina para aguentar a dor do tédio...

Estou com o braço quebrado e sem o mínimo saco para escrever com apenas uma mão. Então vai um texto catado da internet mesmo e foda-se.

Morphine - “The Night”
Por Eduardo Palandi

Dia 3 de julho completou-se dez anos da morte do líder do Morphine, o baixista e vocalista Mark Sandman. Não conhecia a banda à época, apesar de lembrar vividamente de seu obituário na “Showbizz”, e até hoje conheço sua trajetória pela metade. É estranho falar de algo que só se conhece pela metade. Bem estranho. Ainda faltam coisas na minha relação com o Morphine: tirando por algumas músicas mais famosas, nada conheço dos discos da banda. Mas com o último deles, “The Night”, a coisa muda: sei cada acorde dele, vejo cada imagem que as letras das músicas me projetam, tenho até teorias sobre algumas de suas músicas, como você vai ver abaixo.

Sandman não viu o lançamento do disco: o trabalho foi finalizado poucas semanas antes de seu falecimento, e lançado em 2000. Comprei a minha cópia na também finada Nuvem Nove, loja de CDs no Itaim Bibi (São Paulo) que teve grande importância na minha vida e também na do proprietário desta página. E, apesar dos dois óbitos, “The Night” é um dos discos da minha vida. Ele começa com a faixa-título, uma declaração de amor daquelas que morreram com o século XX. Ela é a possibilidade, é tudo que ele não consegue ver, e só lhe resta esperar que ela o esteja aguardando. O sax está diferente dos discos anteriores, mais tranquilo. Em “So Many Ways”, logo depois, uma história cruza a minha cabeça: essa música me dá a impressão de que o narrador não é Mark Sandman, mas… Ferris Büeller. É, aquele mesmo do “Curtindo a Vida Adoidado”, mas uns vinte anos depois, já quarentão e separado da namoradinha do colégio, Sloane (com quem se casou, nessa história imaginária) e tentando voltar a aprontar como naquela tarde em Chicago.

A cada vez que o cantor do Morphine convida para a dança (”shake it!”, pede), imagino Ferris querendo fazer alguma gatinha dançar, o mesmo acontecendo a cada “hey, what about this?”. Não sei de onde tirei isso, mas tenho essa imagem bem vívida na minha cabeça. Em “Souvenir” ela desaparece, com Mark Sandman falando à garota que se lembra de tê-la encontrado, que os dois estavam mal, que ela lhe deu um ânimo… mas que não lembra o nome dela. E o esquecimento, diz ele, é como ter deixado um souvenir cair no chão. Há um belo solo de sax no terceiro minuto, bem livre e lírico, que abre caminho para a suingada “Top floor, bottom buzzer”, cheia de gritinhos e de backing vocals femininos. Ferris Büeller parece voltar nessa música, em que o protagonista é convidado para uma festinha cheia de gatas. Não sei você, mas eu consigo imaginar o Matthew Broderick narrando a cena da letra:

Priscilla’s in the kitchen, she’s mixing drinks
She’s mixing one for me, I think
And one for Mary Ellen and one for Jane
Priscilla, she knows how to use a shaker
She doesn’t get up as early as a baker, uh huh


There’s a muchacha teaching me to mambo
There’s my buddy Pete eying a bowl of combos
Ramona and a man do a tango dip
Cheek to cheek, hip to hip, come on


No final da festa ainda rola um Al Green, diz o narrador, e a canção acaba, sem que saibamos se Ferris terminou a noite acompanhado, mas Sandman parece ter se entendido com uma garota, que tem até nome: Martha Lee. Em “Like a Mirror”, a voz dele a dela vão duelando até que, apaixonado, ele pede: “deixe seu mundo e junte-se a mim logo (…) eu conheço um navio que parte logo, nessa tarde, na verdade: não esqueça seu paraquedas, eu estarei lá para te pegar”. Tudo isso com uma batida sincopada e um sax estilo Al Green, como na saída da festa.

“A Good Woman Is Hard To Find” parodia no título um conto de Flannery O’Connor, mas os serial killers do texto da americana dão lugar a “uma mulher dos diabos, de uma cidade dos diabos” que brinca com Sandman como se ele fosse um tamborim e o levou até a igreja, onde rezou até doer. Ele fica pensando o dia todo: será que dá para se achar uma boa mulher? (nota do autor: Mark, eu continuo tentando).

Na minha cabeça, essa é a ressaca que Ferris está sentindo depois da festinha narrada em “Top Floor, Bottom Buzzer”. Será que ele vai ligar para Sloane? Mas Ferris desaparece depois de “A Good Woman Is Hard To Find”, deixando minha cabeça livre para ouvir “Rope on Fire”, cujos violoncelos e bandolins pronunciados adicionam uma sensualidade única. Em “I’m Yours, You’re Mine”, o cantor do Morphine fala sobre fazer de tudo para limpar o caminho e ficar junto com seu amor: vai remar o barco através do lago, partir galhos com as mãos, tirar as minas terrestres da trilha. Romântico? Pode ser, mas parece que a forma como os dois se conheceram não foi tanto assim, como ele admite a seguir, em “The Way We Met”.

“Não há história bonitinha que contamos juntos, rindo e completando as frases um do outro”, foi tudo por acidente, como com todo mundo. Mas Sandman constata que, a despeito disso, deu certo: os dois acordaram na cama, fizeram dos gritos um despertador, fecharam as portas e janelas encostando as cadeiras e ficaram juntos, tentando se aquecer. Ou seja: foi romântico sim… mas não do jeito convencional.

A décima música, “Slow Numbers”, é um convite aos amassos: na letra, ele vai brincando com o fato de que nenhum número lhe significa grande coisa, ao mesmo tempo em que o baixo, o sax e a bateria vão desacelerando e criando o clima. “On the elevator, no thirteen floor, goin’up, goin’up, goin’up”, ele chama, enquanto sacaneia os números de zero a nove por estarem sozinhos. E em “Take Me With You”, a derradeira declaração de Mark Sandman, convidando seu amor a sair de uma cidade que não lhe dava nada – e a levá-lo junto: “você quer queimar pontes? / eu te ajudo a abrir fogo / você quer desaparecer? / tenho o manual bem aqui”. E termina o disco pedindo para ela levá-lo consigo, pois não consegue viver sem ela.

Só fui ouvir “The Night” um ano depois que o comprei, quando o levei para escutar no carro. Desde então, ele não saiu mais de lá: é meu fiel companheiro das madrugadas, é o amigo bêbado que me escuta e que, ao invés de querer que eu vá logo dormir, me serve onze doses de poesia, sob a forma de suas onze canções. E é daqueles discos de fazer chorar, por dois motivos: primeiro, por sua beleza ímpar; segundo, pela lembrança de que Mark Sandman não teve tempo de desfrutá-lo. Nessas horas, soa ainda mais incrível recordar que o líder do Morphine nos deixou no palco. No país mais romântico do mundo, a Itália. Fulminado por um ataque cardíaco. Talvez ouvir “The Night” faça mais sentido com um estetoscópio do que com fones de ouvido…

Ah, e depois tem um ao vivo em Detroide que é fodaço. Confira!

Outros discos correlacionados com a banda

quinta-feira, 9 de julho de 2009

segunda-feira, 29 de junho de 2009


O CORVO *
(de Edgar Allan Poe)

Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de algúem que batia levemente a meus umbrais.
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais."

Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,

Mas sem nome aqui jamais!

Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,
"É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.

É só isto, e nada mais".

E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
"Senhor", eu disse, "ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.

Noite, noite e nada mais.

A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.

Isso só e nada mais.

Para dentro estão volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
"Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais."
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.

"É o vento, e nada mais."

Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,

Foi, pousou, e nada mais.

E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
"Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."

Disse o corvo, "Nunca mais".

Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,

Com o nome "Nunca mais".

Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, "Amigo, sonhos - mortais
Todos - todos já se foram. Amanhão também te vais".

Disse o corvo, "Nunca mais".

A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
"Por certo", disse eu, "são estas vozes usuais,
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais

Era este "Nunca mais".

Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu'ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,

Com aquele "Nunca mais".

Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais,
Nauqele veludo one ela, entre as sobras desiguais,

Reclinar-se-á nunca mais!

Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
"Maldito!", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!"

Disse o corvo, "Nunca mais".

"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,
A esta casa de ância e medo, dize a esta alma a quem atrais
Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!

Disse o corvo, "Nunca mais".

"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.
Dize a esta alma entristecida se no Édem de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!"

Disse o corvo, "Nunca mais".

"Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!", eu disse. "Parte!
Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!"

Disse o corvo, "Nunca mais".

E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,

Libertar-se-á... nunca mais!


*Versão de Fernando Pessoa, o poeta

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Minha vida está um embate dadaísta.

UM GRANDE FODA-SE!


"Não mais pintores, não mais literatos, não mais músicos, não mais escultores, não mais religiões, não mais imperialistas, não mais anarquistas, não mais socialistas, não mais bolcheviques, não mais políticos, não mais proletários, não mais democratas, não mais burgueses, não mais aristocratas, não mais exército, não mais polícia, não mais pátrias, enfim chega de todas estas imbecilidades, mais nada, mais nada, nada, nada".

Zappa purinho...
Meio Walter Franco, ou Uakiti (Download) até.
Ou não...
Um quase Walter Smetak( Download),
meio Zé Rodrix ((1974) Quem sabe sabe)
HermetoPascoal (Download Audio), Djalma Correa (Download), Tom Zé (Download).
Ou talvez, quem sabe,
por via das dúvidas
um, quando inspirado, Arrigo Barnabé (Download);

domingo, 31 de maio de 2009

Final de sema com jogatina, muita cerveja e Social Distortion...
Foi perfeito!


quinta-feira, 28 de maio de 2009

Rock Bar



É D'Isep, para montarmos esse Rock Bar em Ponta da Fruta a gente tem que pensar nas atrações: Rinha de galo; guerra na lama; várias bebidas loucas; um belo banheiro e um atendimento vip.

Eu tenho fé que dará certo!

sexta-feira, 15 de maio de 2009

HC com chopp escuro

Há um bom tempo não me empolgo com uma banda Hard Core. Mas desde que conheci Dropkick Murphys – evidentemente no filme “Os infiltrados” -, venho acompanhando o som dos caras. É empolgante e jovial, não trás nada de novo, mas tem força própria. Os caras misturam Punk Oi, HC, e músicas tipicamente bretãs, sobretudo da Escócia e Irlanda. E o mais legal é que a banda parece estar inserida na comunidade de Boston EUA. É fácil ver crianças e velhinhos cantarolando belos hinos irlandeses com o punch do Hard Core. Outra característica, típica do HC, que percebe-se no DKM é a quantidade de gente participando subindo, cantando junto e pulando do palco. Uma boa dica para ouvir tomando um porre de chopp escuro.




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