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Querem acabar com os quiosques. Aliás, querem eliminar a cervejinha à beira-mar e findar com o pagode, o batuque na mesa e os pés descalsos sambando descompromissados na areia. Dar fim à rara alegria coletiva e ao ganha pão dos desfavorecidos é o que querem. Olha que depois de Dorival Caymmi “quem não gosta de samba bom sujeito não é”.
Quais seriam os argumentos para acabar com os quiosques? Balneários mais limpos, bonitos e seguros? Quais seriam os critérios de limpeza, segurança e beleza? Mera estética sem valor cultural? Ou mero valor imobiliário sem estética cultural? Enfim, como diria Martinho da Vila, “batuque na cozinha sinhá não quer”.
“Tá legal, eu aceito o argumento, mas não me altere o samba tanto assim”, que Paulinho da Viola larga a Portela e vem como um velho marinheiro trazendo o barco no nevoeiro: bem devagar. Afinal, não está nada esclareceido. Ainda há uma imensa bruma de interesses sobrevoando as praias capixabas.
Quem pode nos responder o que aconteceu com as Três Praias em Guarapari? Será que farão o mesmo com a Ilha do Frade e do Boi, em Vitória - isolar a área? Quiosque para batuque não pode, mas exclusividade para hotel de luxo e mansões é permitido? Será que querem que o povo fique acuado no morro? Zé Keti já tem a sua opinião: “daqui do morro eu não saio não”. Viu sinhá, não precisa ter medo do batuque, pois, “daqui do morro dá pra ver tão legal o que acontece aí no seu litoral”. Acontece é que continuaremos indo à praia, e vamos de “ultraje a rigor”.
2 comentários:
eu deduzo que vc esteja falando dos quiosques da orla de Itaparica, em VV. Acho que, antes de mais nada, toda aquela orla é um dos maiores exemplos de (falta de) planejamento urbano de todos os tempos.
Começa pelo trânsito confuso e nonsense daquela via à beira-mar (parece ter sido projetada por uma galinha com um lápis preso ao bico riscando uma prancheta de projeto), passa pela construção totalmente sem critério de grandes espigões de apartamentos com espaçosos metros quadrados visando classes mais abastadas, esbarra na total falta de infra-estrutura para receber os "novos moradores" (da Rodovia doSol p/ a praia, quase não há padarias, farmácias, mercados, o comércio básico de uma região razoavelmente habitada, além de escolas, postos de saúde, etc., pois pelo número de prédios ali praticamente se criou outro bairro), e culmina nos velhos quiosques que etavam ali antes de tudo isso.
É obvio que o novo prefeito de VV está querendo valorizar a área sob pressão dos "novos moradores" e talvez por isso queira cortar o mal (leia-se "o mal" como: pagode, carros com funk e afins) pela raiz.
É fato também que este novo prefeito vai penar com os "resultados" de oito anos de uma administração vergonhosa e que colocou VV em último lugar em índices de desenvolvimento da GV (até Caricacica recebeu mais investimentos nos últimos anos) e também vai querer tirar o atraso com atitudes que parecem ser impulsivas.
A praia de Itaparica sem os antigos quiosques pode até dar a ilusão de evitar a concentração de pessoas de outrora. Mas a nova administração não tem como riscar do mapa o que há do outro lado da Rodovia do Sol. Aguardo as cenas dos próximos capítulos...
Na mosca Kalunga!
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